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O(s) rosto(s) da urgência de um hospital

Rostos perdidos, de quem não sabe o que fazer.

Rostos desorientados, de quem não sabe para onde ir.

Rostos felizes, de quem vem por boas notícias.

Rostos tristes, de quem não.

Rostos sôfregos, de quem já teve melhores dias.

Rostos pálidos, de quem parece estar mais para lá.

Rostos apáticos, de quem veio sem saber que está cá.

Rostos silenciosos, de quem grita por dentro.

Rostos cansados, de quem todos os dias ajuda os perdidos a encontrar o caminho, orienta os desorientados e traz esperança a quem pensava já não haver solução.

Rostos indiferentes, de quem não pode ver com o coração.

Rostos preocupados, de quem não sabe o que aconteceu.

Rostos incrédulos, de quem ainda não sabe bem como.

Rostos impacientes, de quem não é capaz de aguentar mais a calma dos outros.

Rostos aliviados, tanto de quem entra como de quem sai.

Rostos desesperados, de quem não sabe como vai ser agora.

A urgência é isto. É perda e desorientação. Pode ser felicidade, mas muitas vezes é tristeza.

É sofreguidão, apatia, cansaço.

É tanto indiferença quanto impaciência.

É preocupação e incredibilidade.

Muitas vezes, é alívio.

Outras tantas, desespero.


Depende sempre de que lado estamos a vê-la.

E de como podemos (ou conseguimos) olhar para ela.


Obrigada a quem orienta, encaminha, esclarece.

Obrigada a quem limpa, arruma e alimenta.

Obrigada a quem trata e a quem cuida.

Obrigada a quem alegra e dá esperança. 

Obrigada a quem ajuda.

Obrigada.


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