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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2024

Coração ao pé da boca

Há pessoas de poucas palavras e há desbocados. Há quem diga muito em poucas palavras e quem não diga nada em meia hora de discurso. Pela boca morre o peixe. Por isso, às vezes, mais vale estar-se calado. Há quem a tenha demasiado próxima do coração e fale demasiado sobre o que não deve com quem não deve. Mas são coisas diferentes. Falar do que se não deve pode ser com alguém completamente neutro no assunto e o único mal que estamos a fazer é partilhar algo que não devíamos. Mas, falarmos do que não devemos com alguém não neutro ou com a capacidade de usar essa informaçõe para o mal, é muito diferente. Pois as consequências são muito mais gravosas no segundo caso. Temos necessidade de falar, de partilhar determinada informação com alguém, de desabafar. É justo. Não é fácil ser-se o único guardião de determinadas informações. Escolher alguém neutro para nos ouvir é o melhor de dois mundos: vamos ficar mais leves e isso não vai ter consequências para ninguém. Por vezes a necessidade é dif

Sonho sempre que estou lá

O escritor José Luís Peixoto disse em entrevista que, embora já não esteja no sítio em que cresceu, sonha sempre que está lá. Ouvi estas palavras e revi-me nelas. Podiam ter sido minhas. Eu também sonho sempre que estou lá. E, muitas vezes, que as pessoas também lá estão. As pessoas e os sítios criam memórias. As memórias nunca são más, nem mesmo as que representam situações menos positivas. Porque na memória as coisas boas são como o azeite na água. E as memórias têm um lugar muito especial no nosso coração e na nossa cabeça. São daquelas coisas que nos fazem esboçar um sorriso tanto quanto deixar cair uma lágrima.  Os sítios, parecendo que não, são mais facilmente preserváveis. Não se chateiam, não deixam de falar a ninguém, não adoecem e, podendo precisar de manutenção, mesmo sem ela, não morrem. Ficam ali. À espera que venha mais alguém dar vida àquele lugar. Pelo menos não morrem como as pessoas. As pessoas são mais difíceis de manter. Por vezes chatiamo-nos, dizemos coisas parvas