Onde é que estavas no 25 de Abril? Pergunta da praxe. A resposta mais ouvida é "a saltar do direito para o esquerdo". Mas muitos, nem isso. A verdade é que alguns estiveram lá, fizeram a revolução, outros não estiveram mas viveram esses tempos e, a partir daquele dia, todos podemos colher os seus frutos. Incluindo nós, que ainda andávamos a saltar do direito para o esquerdo e até todos os outros que nem isso faziam ainda. Foi uma conquista e pêras. Esta coisa da liberdade, que damos como garantida e à qual não damos importância nenhuma, é o que me permite escrever este texto sem ir presa. É a mesma coisa que permite discussões políticas de café, na maioria das vezes com um cheirinho a insensatez. É ainda o que nos deixa andar despreocupados, sem olhar por cima do ombro a todo o instante. Mas também é algo que nos dá muita responsabilidade. Liberdade não é libertinagem. A liberdade dá trabalho e exige respeito, mesmo que quase ninguém se dê conta disso. Hoje, teria sido muit
Consigo identificar um rico à distância. Que é como quem diz, sem ter que lhe ver o extrato bancário. É um dom como outro qualquer. E como a minha cabeça precisa de fazer associações, crio uma espécie de estereótipos. E quem nunca usou um estereótipo que atire a primeira pedra. Os ricos têm todos a mesma cara, são parecidos uns com os outros, parece que nasceram todos da mesma mãe. Olha-se para um rico e sabe-se que é rico. Como também se olha para um pé rapado com a mania das grandezas e se sabe que é só um pé rapado com a mania das grandezas, não é um rico. Os ricos têm todos o mesmo tipo de cabelo, de corte e o mesmo tipo de penteado. Os ricos devem ter uma tabela de pesos aceitaveis e só podem engordar a partir de certa idade. Por isso, em geral, são magros. Usam as mesmas marcas de roupa. Viajam para os mesmo sítios, nas mesmaa alturas do ano. As melhores. Têm o mesmo sotaque, a mesma musiquinha na voz, devem ter nascido todos em Lisboa. Sempre ouvi dizer que orelhas grandes são o