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A mostrar mensagens de outubro, 2022

Às vezes gostava de ser um bocadinho menos igual a mim

Todos temos a nossas coisas. O nosso feitio. Saímos à mãe, ao pai ou a outro familiar qualquer, mas o nosso cunho pessoal está lá. Podemos ser muito parecidos com alguém mas, nunca seremos iguais. Mesmo que acostumados a capas, máscaras ou outros disfarces, todos temos um lugar, uma circunstância ou uma conjugação destas ou de outras condições em que agimos ao natural, em que somos nós mesmos, sem disfarces. Transparentes como água, para o bem e para o mal. Tipicamente isso acontece quando nos sentimos à vontade em determinada situação; um dos locais em que isso acontece é em nossa casa. Hoje em dia parece que isso acontece cada vez menos. Vivemos num mundo digital, onde metade da vida é online e, à distância, bem sabemos, podemos ser e dizer o que quisermos. Podemos ser heróis ou vítimas, conforme der mais jeito. Somos especialistas em tudo e temos sempre uma opinião a dar (normalmente, achamos nós, a opinião "certa"). Acontece cada vez menos, mas logicamente que tem de acon

(M/F) ou a estupidificação do género

Precisa-se mecânico(a) para oficina automóvel em Freixo de Espada à Cinta. Ou Precisa-se mecânico (M/F) para oficina automóvel em Freixo de Espada à Cinta. Senão importa o género, porquê a necessidade de o indicar? Precisa-se mecânico para oficina automóvel em Freixo de Espada à Cinta. E pronto. Até se gastam menos letras. Já lá vai o tempo em que aceitar mulheres em determinadas profissões e homens noutras era "uma cena"... Também se começa a ver M/F/D... Então e o "D"?... Bem, as iniciais na verdade estão em inglês: M - male F - female D - disabled Originalmente corresponderia a uma oferta de emprego para homens, mulheres ou pessoas com deficiência que, aparentemente, não têm género. Há ainda uma outra tipologia, M/F/D/V, em que o "V" identifica veteranos de guerra, o que, na América, é por si só um estatuto. Agora, nestes tempos modernos, parece que o "D" também pode ser diverse , abrangendo assim a neutralidade de género. Uma vez mais, senão

Se chover, é água

A vida não é uma Gala dos Globos de Ouro. Não é um vestido sem costas, nem um salto alto. Não é uma gravata ou um colete excêntrico. A vida não é gente magra, feliz e sem problemas. Nem gente bonita, bem penteada e de discurso estudado. A vida é uma brisa que corre. Com sopros alegres, mas com muitos sopros tristes. A vida é como um roupeiro. Com roupa velha, confortável, mas também com roupa de festa, daquela que esconde as tristezas. A vida são as pessoas que a vivem. A magras, as gordas, as bonitas, as feias e as assim-assim. Nenhuma é mais importante que outra, embora, muitas vezes, pareça que sim. A vida é imperfeita. Mas perfeita na sua imperfeição. Tem altos, tem baixos e círculos de acontecimentos que parecem infinitos. Mas não são. A vida tem problemas, mas também tem soluções. A vida é um improviso. Cabe-nos escolher a roupa adequada à brisa de cada dia, a atitude perante cada problema. E, se chover, é água; que é mole e capaz de furar pedra dura, mas que também  seca e desap

Nascem, crescem e morrem sem a alegria de fazer merda e poderem rir-se disso sem ter de olhar por cima do ombro

São idolatrados... E têm súbditos (o que, nos dias que correm, me faz muuuitaaa espécie). São, aparentemente, perfeitos. Não fazem merda como nós. A roupa não tem um vinco - muito menos uma nódoa - os sapatos não magoam os pés e o penteado nunca se desmancha. Assumem cargos só porque nasceram. Não importa que não tenham competência, foram treinados toda uma vida. Príncipes e Princesas, Reis e Rainhas (uns com mais sorte que outros!), deste nosso estranho Mundo, vivem uma espécie de conto de fadas, meio novela. Nascem, crescem e morrem sem a alegria de fazer merda e poderem rir-se disso sem ter olhar por cima do ombro. Costas direitas, roupa XS (a morarquia, quando engorda, só o faz em idades muito tardias), discursos controlados (às vezes!) e sem demonstrar emoções. Trezentos mil filhos, todos de lacinhos na cabeça ou meias até ao joelho onde bate a baínha do imaculado calção azul escuro. E morrem todos "serenamente", alguns durante o sono (parece que isso é comum a todos os