Avançar para o conteúdo principal

Ninguém morre se não comer uma fatia de bolo especial de corrida este ano

Bolo Rei ou Bolo Rainha? Um de cada, há quem não goste de frutas cristalizadas.

Põe mais 2 ou 3 postas de bacalhau, vale mais a mais que a menos. Sobrar que faltar.

A lareira está acesa há tantas horas que não se pode estar aqui com o calor...

Vai sobrar tronco de Natal de certeza. E coscorões, 1Kg se calhar foi demais, mas 1/2Kg também era pouco.

O presunto vai secar todo, quase ninguém comeu.

Nós, aqui, preocupados com problemas de 1o Mundo, nem nos lembramos que em pleno século XXI ainda há quem passe fome e frio.

No Natal parece tudo mais evidente, de repente toda a gente tem pena dos pobrezinhos, dos sem abrigo, das criancinhas que passam fome, dos velhinhos que passam frio. Mas os pobrezinhos, os sem abrigo, as criancinhas, os velhinhos e todas as outras pessoas que passam por privações e dificuldades também existem no resto do ano...

E nós, aqui, preocupados em comprar dois bolos, dos quais metade vai sobrar, porque alguém pode não gostar de frutas cristalizadas. 
Nós, a abusar da lenha e demais aquecimentos.
Nós, a pôr mais 2 ou 3 postas de bacalhau que no fim ninguém vai comer.
Nós, a compor mais um pratinho com presunto quando 2 eram mais do que suficientes.
Nós a deitar dinheiro à rua em 1/2Kg de coscorões que vai amolecer.

Mais vale sobrar, que faltar. Sim, se pudermos, mais vale sobrar desde que não se desperdice.

Enquanto nós, aqui, fazemos contas para que "não falte" (e isto do não faltar é muito relativo) há quem faça contas para que chegue. E há quem nem essas possa fazer.

Vamos pensar todos 2X antes de exagerarmos. Antes que a ostentação vença o bom senso. Porque não é preciso ostentação para haver fartura.

Para haver fartura basta estarmos todos juntos, com saúde, sem fome, sem frio, sem medo. O resto são pormenores.

E ninguém morre se não comer uma fatia de bolo especial de corrida este ano.





Comentários

Mensagens populares deste blogue

Inveja...

Há quem diga que a inveja é uma coisa muito feia...! Eu digo apenas que pode ser um ponto de partida para se ambicionar ter, ser ou fazer mais alguma coisa. Claro que, como tudo, quando é demais não se torna saudável, mas cabe a cada um controlar os seus impulsos invejosos. Querer ter, ou ser, aquilo que o outro tem, ou é, pode levar-nos a uma luta constante e até produtiva para nos superarmos e conseguirmos mais. Por outras palavras, a inveja boa é uma ambição controlada, que nos leva a trabalhar para alcançar determinados objectivos (valham estes a pena, ou não, aos olhos dos outros). Até porque aquilo que os outros pensam só devia ter importância até certo ponto. Até ao ponto de passagem entre o que nos torna pessoas melhores e o que faz de nós fantoches nas suas mãos. Há que diga que a inveja é uma confissão de inferioridade...Eu digo que é ambicionar alcançar determinado objectivo que nos faz sentir melhor, seja porque for... Não necessariamente porque "Se fulano-assim-assim ...

A felicidade que pode ser perdermos a clareza de ideias

Os velhos, às tantas, não dizem coisa com coisa. Misturam assuntos. Dizem que fizeram isto e aquilo sem terem feito nada. Não sabem onde estão ou o que estão lá a fazer. Dizem que falaram com A, B ou C, que já estão a fazer tijolo há muito tempo. Que foram aqui e ali sem na verdade terem saído do lugar. Julgam que os vão levar para casa em breve. Parecem estar noutro mundo ou na lua. Nem que seja apenas por breves instantes. Segundos de trevas que parecem interromper a luz. Ou será ao contrário? Talvez seja da velhice. Talvez seja dos medicamentos.  Talvez. Talvez seja sem querer mas, em certa medida, propositadamente. Que também eu perca a clareza e o discernimento quando eles já não me trouxerem benefício algum.

Ponham no Facebook, no Instagram, no Tiktok ou...

Felizmente, nasci antes de existirem redes sociais e telemóveis. Sou do tempo em que as pessoas falavam umas com as outras e em que um rolo de 24 fotografias dava bem para 15 dias de férias no Algarve. Já ninguém sente a alegria (ou a desilusão) de ir buscar as fotos reveladas ao fotógrafo e encontrar umas quantas surpresas: umas tremidas, outras descentradas, algumas boas e ainda algumas tiradas sabe-se lá por quem. Não, já ninguém sabe o que isso é. Hoje em dia ninguém tem paciência para esperar por nada, quanto mais por revelação de fotos. Seguia-se o ritual de as colocar no álbum, fosse no oferecido pelo fotógrafo ou outro. Mas não sem antes escrever no verso de cada foto o local e a data de cada uma: Manta Rota, Agosto de 1992. Os álbuns ficavam religiosamente guardados num qualquer móvel, em casa. Nas gavetas ou nas prateleiras, conforme coubessem. E cabia sempre mais um. De vez em quando uma pessoa lá se lembrava (e lembra!) da sua existência e os álbuns saem do armário para que...