Esbanjar dinheiro em merdas, é luxo de país rico. Portugal, não sendo de terceiro mundo, também não é um país rico.
Esbanjar dinheiro num evento religioso, ainda que da religião predominante no país, abre portas a exigências (fundamentadas) das restantes religiões. Portugal é um Estado laico.
Esbanjar dinheiro em palcos e noutras infraestruturas "reutilizáveis", para ficar bem numa fotografia internacional, é coisa de país que se preocupa mais com as aparências do que com a pele suja por baixo da roupa nova.
Esbanjar dinheiro é isso mesmo, esbanjar.
A inflação sobe horrores e a especulação em torno de uma guerra - surreal em pleno século XXI - faz subir ainda mais tudo o que já está caro. Mas vamos gastar milhões num palco. Num palco!? Terei ouvido bem?...
Se é um evento religioso, a região que pague. Ou então, que se resigne ao que há, que é bem bom. Se bandas internacionais tocam num desterro na Zabujeira do Mar ou noutro em Algés (sem desprimor às localidades em si), não pode o Papa também dar umas missas aí? Têm uma vantagem: no fim, desmonta-se tudo. E duvido que custe os mesmos milhões que as obras megalómanas que andam a fazer.
Portugal é um país pequeno que, às vezes, tem a mania das grandezas. Podia falar também do Euro 2004, mas já toda a gente sabe que ficaram estádios-fantasma por aí e outros completamente sobredimensionados para as cidades onde são "reutilizados".
É tudo "reutilizável" quando precisamos de uma desculpa para gastar o dinheiro que não devíamos.
"Ah e tal mas o evento vai atrair muitas pessoas, o que vai ajudar os negócios locais e promover o país e a região." - Pois vai, vêm cá uma semana rezar e fazer-se de santos, coitadinhos e imaculados e depois pisgam-se para o país deles.
Não tenho nada contra a religião.
Sou Batizada; andei na catequese e fiz a Primeira Comunhão, Profissão de Fé e Crisma; fui ajudante de catequista; cantei no coro da igreja e fiz parte de um grupo de voluntariado da Paróquia.
Continuo a achar tudo isto uma palhaçada.
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