Quem me conhece sabe que não gosto de coisas muito radicais. Não vou à bola com grandes velocidades, o máximo que andei à boleia numa mota foram 15Km/h à volta de uma casa e, sozinha, também não passei disso (em linha reta q.b.). Descer um rápido não me puxa, bem como não me puxa uma montanha-russa. Escaladas nem vê-las, nem arborismo, coastering e nunca me apanharão viva a fazer slide. Uma simples descida de bicicleta é feita por mim sempre com as mãos nos travões, por isso esqueçam lá quedas livres, para-quedismo ou bungee jumping.
Resumindo: sou alérgica a tudo aquilo que não consigo ou não sei controlar e que considero que pode facilmente matar-me.
Fui daquelas crianças que nas feiras só andava nos carrinhos de choque e naqueles carrocéis básicos, com cavalinhos e chávenas, que estão em todas as feiras. Nunca pedinchei para andar em mais nada, nem no mítico Canguru, que também está em todas.
Esta semana, já com 36 anos em cima, perdi o amor a 4€ e andei no Dragão (para quem eventualmente possa não conhecer: é uma espécie de montanha-russa minúscula para crianças). Fui numa carruagem atrás de duas miúdas que não tinham mais de 10 anos (assim até parecia que só estava ali a acompanhá-las!). Não morri de amores, aliás, temi pela vida em várias ocasiões: quando o comboio faz a curva a descer e, não só parece que vai descarrilar, como que vamos bater com a cabeça nos ferros da estrutura - seguramente assente em bocados de madeira - e ficar já ali. Nesses "breves" momentos, não podendo controlar nada, entreguei-me ao desespero e aceitei que havia a probabilidade de me ficar por ali. Alguém haveria depois de apanhar os bocados de 'Cristina' espalhados pelo recinto da feira. Na dúvida, eu seria a das cuecas borradas, certamente.
Não levantei voo, como várias vezes pareceu ir acontecer e, felizmente, também não faleci (nem vomitei, embora tenha inteligentemente acabado de comer 2 bifanas e um Sumol de ananás).
Sobrevivi e prometi no próximo ano ir de novo. No Canguru é que dificilmente me apanharão viva.
Há quem tenha grandes objetivos de vida; que sonhe em escalar o Evereste ou saltar em queda livre. Eu sou bem mais modesta: o meu objetivo é apenas manter-me viva, logo, não me meto em nada que considero que possa aumentar a probabilidade de vir a falecer. As 4 voltas intermináveis no Dragão foram o meu batismo em coisas radicais.
Para quem não acredita que andei mesmo, aqui fica a prova:
Sejam felizes, não liguem ao que os outros pensam, superem-se e... Sonhem!
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