Move mesmo, acreditem.
Levados por um desejo enorme de realização e esperança partimos em busca de algo, de um sítio, de um sentimento, de uma paz que só quem lá chega consegue sentir...
É dia 17 de Outubro e são 23h. A chuva parou.
O caminho é longo e sinuoso, mas a vontade de lá chegar é bem maior.
A noite está clara, uma leve e fresca brisa atravessa os nossos corpos... E no mesmo instante que nos refresca, também nos arrepia.
Levamos connosco apenas o essencial. E mais alguma coisa que nos faça sentir bem.
Os carros passam por nós a uma velocidade estonteante. Alguns nem nos respeitam, cruzam-se connosco sem sequer abrandar.
Passadas poucas horas começa o suplício: a serra.
O pão quente e as palavras de apoio confortam-nos e dão-nos força.
As pernas doem e os pés também. E as costas. Já não sabemos bem como andar... Mas a passada é firme e segura, como se o sofrimento não fosse maior que a nossa Fé. E na realidade, não o é.
O corpo vacila, mas a mente não. 'Tenho que lá chegar. Eu sou capaz. Vou conseguir!'
A recta que se segue não tem fim. É preciso parar de vez em quando para descansar as pernas esforçadas...
300m à boleia para alcançar a companheira de caminhada que entretanto se adiantou.
Já falta pouco para a rotunda. 'É já ali à frente.'
A esperança é renovada a cada meta alcançada, mas o corpo acusa o cansaço. Cada vez mais...
É cada vez mais difícil caminhar. Os pés não querem tocar o chão e as pernas teimam em não distender...
Estamos quase lá. 'Já chegámos aqui, não vamos desistir agora! Mas é tão difícil...'
Os pastéis de nata, as palavras de apoio e quem pensou em nós, deram-nos força para a última etapa.
Finalmente, faltam apenas uns metros.
Ao entrar no Santuário soam 8 badaladas... É dia 18 e o sol começa a subir no horizonte com uma força e determinação incomensuráveis. Iguais à nossa Fé. 'Conseguimos!'
As dores continuam, mas é como se nem as sentíssemos.
Avanço sozinha em direcção às velas e compro 3. Em consciência deixo o dobro do dinheiro. Vou acendê-las. As lágrimas caem, mas eu controlo-as. Sigo para a Capelinha e aí choro incontrolavelmente. Não consigo evitar. A emoção de ter conseguido chegar ali é imensa e a motivação também. Choro de felicidade, não de tristeza. Mas choro. Choro muito. Alguém me apoia e sorri para mim. Abraçam-me, beijam-me, confortam-me... Também eles conseguiram chegar e sentir aquela paz.
E num sentimento de dever cumprido para connosco mesmos, voltamos para casa de carrinha, deixando Fátima.
"A força mais potente do universo? A fé."
Madre Teresa de Calcutá
Comentários
Gostei da forma como as palavras te saem do coração e vão direitinhas para o blogue...
Respeito aquilo a que chamas fé embora prefira não acreditar que essa força mova montanhas... Afinal se a fé por si só movesse montanhas seria ta fácil fazê-las desabar sobre um rio que invade casas, mata pessoas boas...
A palavra Fé deriva da palavra grega pí•stis, que transmite a ideia de confiança, fidúcia, segurança, firme persuasão... Mas algúem me explica porque devo acreditar e ter fé num Deus que eu nunca vi ou senti? (E porque sou considerada louca de acreditar em ET’s afinal estes são tão visíveis como Deus...)
Acreditar num Deus que nunca vi não é tarefa fácil, mas apesar de tudo eu acredito que há uma força que me transcende...
Posso mesmo chamar-lhe Deus mas para mim se ele existe é único e especial... Tanto me faz falar com o Budista, Jeová, Católico... E não sinto que seja importante ira um Templo relogioso nem falar com "acessores"...
Continua a escrever e a permitir que eu pense, sinta, escreva e mantenha acesa a chama...
Hug
AMO-TE COELHINHA!!!!