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A mostrar mensagens de outubro, 2024

Vem andando que eu cá te espero

Um dia vais ser tu aquele velho surdo, a quem será preciso repetir 3X a mesma coisa. Um dia serás tu aquela velha meio descompreendida, tanto que pelo meio da conversa consegues dizer coisas a outras pessoas sem que ela se aperceba. Um dia vais ser o velho coxo, que demora a atravessar a passadeira, logo hoje que estás cheio de pressa para ir à bola. Um dia vais ser a velha teimosa, que não muda de cuecas porque aquelas ainda só levam 4 dias em cima e ainda estão boas. Vais ser tudo aquilo que juraste a ti mesmo nunca vir a ser. E fazer tudo aquilo que juraste nunca vir a fazer. Vais, se lá chegares. Seja lá o "lá" o que for. É tempo? Então porque se fala dele como se de um local se tratasse? Deve ser porque vamos andando e eles "lá" nos esperam. Sim, deve ser por isso. Sejam felizes, sonhem e... Tenham paciência! Basta isso.

FNC|FICL|FSM 2024 @Golegã

 

Eu ao menos cheguei

E lá estou eu no trânsito outra vez... Se me dissessem, há uns anos, que alguma vez ia andar no pára-arranca no IC19 ou na 2a Circular rir-me-ia na cara dessa pessoa. Eu? Em Lisboa? No IC19? Na 2a Circular? Eu nem sei onde isso fica, senhores! Nunca me vão apanhar viva nisso.  Pois, o "nunca digas nunca" é mais verdade do que se possa imaginar. Bem, cá vou eu neste carreiro de formigas que costumava ver na TV. Ah valente! Olho para o lado e 90% dos carros só levam uma pessoa. Raramente se vê um carro com mais alguém para além do infeliz condutor. O GPS diz-me que há um acidente ali à frente e que vou ter que aguentar 7 minutos que até me lixo, ali, onde a estrada fica vermelha. As motas ganham nestas situações. Conseguem esgueirar-se e lá vão avançando qualquer coisa. Há pessoas de quem a vida já fugiu. Vão ali, meio mortas, em piloto automático até que algum estímulo as faça pestanejar. Outras, porém, parecem eléctricas. São incapazes de se deixar levar, de seguir o carreiro...

Quando for grande quero ter a acefalia de dizer que o meu sonho é ser influencer

Antes, no passado, no "meu tempo", queríamos ser médicos para salvar vidas, advogados de causas perdidas para trazer justiça a este mundo cruel, engenheiros de qualquer coisa para arranjarmos soluções para os problemas com que nos deparávamos. Cabeleireiras para pôr as pessoas bonitas, pedreiros para fazermos a nossa própria casa, na loucura, jogadores da bola - e era este último o desejo mais acéfalo possível naquela altura. E ainda nem havia nenhum Ronaldo, imagine-se. Agora, num mundo em que o que interessa é aparecer, quere-se ser - imaginem - influencer . Mas que merda é esta? Que raio de trabalho é esse mesmo?  Sim, até compreendo, deve dar um trabalho desgraçado pensar em conteúdos, fazer aquela maquilhagem que parece que não está lá para parecer que se acabou de acordar em bom, filmar a mesma coisa meia dúzia de vezes porque nunca nada está bem, tirar a mesma foto 20 vezes porque há sempre qualquer coisa que está mal. Ter, completamente por acaso, o telemóvel a filmar...