Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente, e a chuva não bate assim. É talvez a ventania. Mas há pouco, há poucochinho, nem uma agulha bulia na quieta melancolia dos pinheiros do caminho… Quem bate assim, levemente, com tão estranha leveza, que mal se ouve, mal se sente? Não é chuva, nem é gente, nem é vento com certeza. Fui ver. A neve caía do azul cinzento do céu. Branca e leve, branca e fria… Há quanto tempo a não via! E que saudades, Deus meu! http://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-pegadas-na-neve-image8095063 Olho-a através da vidraça. Pôs tudo da cor do linho. Passa gente e, quando passa, os passos imprime e traça na brancura do caminho… Fico olhando esses sinais da pobre gente que avança, e noto, por entre os mais, os traços miniaturais de uns pézitos de criança… E descalcinhos, doridos… A neve deixa ainda vê-los. Primeiro bem definidos, depois, em sulcos compridos, pois já...